sexta-feira, 13 de maio de 2016

Entrevista Prof.Dr. Alexandre Mendonça Munhoz / Pesquisa Científica em Medicina e Cirurgia no Brasil / Cenário Atual

Entrevista Prof. Dr. Alexandre Mendonça Munhoz
Pesquisa Científica em Medicina e Cirurgia no Brasil
Cenário Atual e Desafios

Prof.Dr. Alexandre Mendonça Munhoz, em entrevista sobre o cenário atual do Brasil em relação a pesquisa científica e investimentos em ciência e tecnologia. Alexandre Mendonça Munhoz, Intituto de Ensino e Pesquisa Hospital Sírio-Libanês, Moriah Instituto de Ensino e Pesquisa, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Cirurgia Plástica.
Link para Entrevista:
 https://www.youtube.com/watch?v=v-kyE1Xp6OY

O Brasil apresenta posição de destaque no que tange os investimentos em pesquisa e ciência e tecnologia em relação aos demais países da América Latina, fato este representado pelo aumento de publicações científicas nos últimos anos, e principalmente na última década. Dados provenientes do Banco Mundial e do Ministério da Ciência e Tecnologia demonstram investimentos anuais do país em pesquisa científica próximo a 60 bilhões de reais em 2012, somando as iniciativas pública e privada. De fato, em comparação realizada pelo periódico internacional Nature demonstra que o Brasil é o líder em publicações científicas na América do Sul, onde com aproximadamente 40 mil em 2013, o país apresenta posição na dianteira e distante da Argentina, o segundo colocado com aproximadamente 9 mil artigos. 


Prof.Dr. Alexandre Mendonça Munhoz, durante  entrevista sobre a situação atual do Brasil em relação a pesquisa científica e investimentos em ciência e tecnologia. Alexandre Mendonça Munhoz, Intituto de Ensino e Pesquisa Hospital Sírio-Libanês, Moriah Instituto de Ensino e Pesquisa, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Cirurgia Plástica.



Já os dados provenientes da última atualização da Nature de 2015, demonstram o Brasil como primeiro lugar na América Latina e 23º no ranking global. Nesta avaliação a Argentina encontra-se em 30º lugar, o Chile em 32º e o México em 34º. Todavia, este dado merece ressalvas em uma avaliação mais criteriosa. Segundo Van Noorden et al., o Brasil possui mais de dois terços das publicações da América do Sul, todavia quando realiza-se a comparação em relação ao número per capita, os dados são semelhante a Argentina, Uruguai e Chile em número de artigos. Ademais, o volume de produção científica realizada na América do Sul pode estar subavaliada uma vez que muitos dos periódicos não são indexados e assim não são incluídos nas bases de dados que produzem as estimativas. 

Prof.Dr. Alexandre Mendonça Munhoz, Qual é o cenário do Brasil em relação a pesquisa científica e investimentos em ciência e tecnologia. Alexandre Mendonça Munhoz, Intituto de Ensino e Pesquisa Hospital Sírio-Libanês, Moriah Instituto de Ensino e Pesquisa, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Cirurgia Plástica.


Desta forma, a produção científica na América do Sul ainda apresenta um baixo índice de citações (quando outros artigos fazem referência a um determinado estudo) em relação aos demais países do hemisfério norte. No tocante ao montante de recursos destinados à pesquisa em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil também apresenta posição de destaque. De fato, o Brasil é o único país da América do Sul que destina mais de 1% de seu PIB em pesquisa e desenvolvimento segundo dados de 2011. Avaliações mais recentes demosntram que em 2013, o investimento na área de pesquisa e desenvolvimento científico atingiu a marca recorde de R$ 85,6 bilhões, o equivalente a 1,66% do PIB no mesmo período. No ano anterior, foram aplicados R$ 76 bilhões (1,62% do PIB). Vale ressaltar que os volumes de recursos tem aumentado de ano a ano nos últimos 15 anos onde em 2000, o investimento era de R$ 15 bilhões. Já análises em 2010 demonstram aproximadamente R$ 62,2 bilhões aplicados em ciência, tecnologia e pesquisa nacional.  


Prof.Dr. Alexandre Mendonça Munhoz, Qual é o cenário do Brasil em relação a pesquisa científica e investimentos em ciência e tecnologia. Alexandre Mendonça Munhoz, Intituto de Ensino e Pesquisa Hospital Sírio-Libanês, Moriah Instituto de Ensino e Pesquisa, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Cirurgia Plástica.


No Brasil, a maior parte do incentivo à pesquisa científica por meio de aporte de recursos é realizado por fontes públicas, segundo dados do Ministério de Ciência, Tecnologia. Esse cenário não se repete nos países que lideram a pesquisa no mundo, nos quais a parceria com o setor privado é mais evidente em termos significativos de aporte de recursos. De fato, em nosso meio merece destaque as Fundações de Amparo à Pesquisa, também designadas de FAP, que tratam dos recursos de cada estado com o objetivo de fomentar pesquisas, instaurar infraestruturas e promover a produção de conhecimento de ponta. Na análise da revista Nature, há destaque para uma das FAP do Brasil, qual seja a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que em 2013 investiu 512 milhões no financiamento de pesquisas. Em atividade desde a década de 60, a FAPESP tem um orçamento anual correspondente a 1% do total da receita tributária do Estado, o qual de 37% do total é destinado à pesquisa básica. Os demais componentes do orçamento estão relacionados à infraestrutura e a pesquisa aplicada. Neste montante, aproximadamente 30 % do total é aplicado em pesquisa na área médica.


Prof.Dr. Alexandre Mendonça Munhoz, aspectos atuais da pesquisa científica e investimentos em ciência e tecnologia no Brasil. Alexandre Mendonça Munhoz, Intituto de Ensino e Pesquisa Hospital Sírio-Libanês, Moriah Instituto de Ensino e Pesquisa, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Cirurgia Plástica.

Apesar destes dados, merece destaque o atual contigenciamento de recursos para a pesquisa que se tem observado nos últimos anos. De fato, em 2011, o governo federal contigenciou 22,3% do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que ficou em R$ 6,5 bilhões, abaixo dos R$ 7,9 bilhões de 2010. Em 2012, os recursos apresentaram nova redução em R$ 1,5 bilhão, dos R$ 6,7 bilhões previstos no Orçamento aprovado no Congresso. É necessário, que além de aumentar o número de investimentos, o governo precisa incentivar as empresas a participar com mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Vale ressaltar que o investimento oriundo da iniciativa privada representa atualemente menos da metade do total, índice inferior ao de países como Estados Unidos (64%), Alemanha (60%), China, Coreia do Sul e Japão, com índices próximos a 70% dos investimentos.




















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