Situação Econômica do Brasil e Cirurgia Plástica
Ricardo Amorim na Jornada Paulista de Cirurgia Plástica/2016
A XXXVI Jornada Paulista de Cirurgia Plástica manteve seu modelo de sucesso dos últimos 4 anos, baseada em uma estrutura objetiva, alto nível científico e com ênfase para a discussão profunda sobre alguns temas que geram dúvidas e controvérsia no âmbito da cirurgia plástica estética. Embasada no modelo PBL (Problem-Based Learning), a qual por meio da configuração específica de painéis com casos clínicos promove-se a discussão com experts e a platéia, promovendo assim o embate de condutas e soluções para o problema apresentado e, em última instância, a produção e fixação de conhecimento.
Neste ano trouxemos para a Jornada Paulista uma inovação em relação aos anos anteriores, qual seja a apresentação de temas relevantes por palestrantes consagrados e não necessariamente relacionados à cirurgia plástica. Presidente da Ricam Consultoria, o economista Ricardo Amorim já trabalhou em
Nova York, Paris e São Paulo, e foi pales-
trante-âncora e dividiu painéis com gurus
ilustres, de economistas ganhadores do
Nobel a ministros de estado e presidentes
de bancos centrais.
Ricardo Amorim é presidente da Ricam Consultoria, prestadora de serviços na área de negócios e economia global. Economista, formado pela Universidade de São Paulo (USP), é pós-graduado em Administração e Finanças Internacionais pela ESSEC de Paris, Ricardo atua no mercado financeiro desde 1992, onde trabalhou em Nova York, Paris e São Paulo, sempre como economista e estrategista de investimentos. Atualmente é o único brasileiro incluído na lista de importantes spekers, Ricardo Amorim profere, há anos, palestras e tendências no Brasil e exterior e em áreas específicas que no caso da cirurgia plástica muito depende da situação econômica e do otimismo da população.
Na JP-2016, Ricardo Amorim nos apresentou uma profunda análise do cenário atual da economia e da política brasileira e como a situação atual chegou ao que está hoje. Apesar da grave situação econômica atual e da intensa falta de otimismo nos mais diversos segmentos da economia, e que de fato contribuem para o mercado de cirurgia plástica, Ricardo acredita como poucos que a retomada do crescimento será muito mais rápida do que a dos países desenvolvidos, em uma curva semelhante a um “V”, ou seja, acelerada expansão após queda acentuada. Enfatiza ainda a importância dos ciclos de desenvolvimento e crise no Brasil e em diferentes países e apesar da atual conjuntura política não favorável ao julgamento de mudanças, este ciclo voltará a se repetir com novo crescimento pujante.
Amorim ainda compara o movimento a ser vivido pelo País a um bem mais contido, semelhante a seguidos “W” (leves retomadas que não se sustentam até alcançar o real crescimento), que deverá ocorrer na Europa e nos Estados Unidos. Diferente de seus pares, respeitados economistas com visão mais nebulosa do futura. Ricardo nos apresentou uma excelente e motivadora conferência, mostrando de maneira concreta e baseada em estatísticas e previsões, um caminho otimista, com aposta em grande expansão dos investimentos no País em curto e médio prazos, uma vez que os aplicadores estrangeiros buscarão destinos alternativos diante do baixo crescimento dos países desenvolvidos.
Entre os principais problemas apresentados por Ricardo há a falta de perspectiva de aumentar o potencial de crescimento de longo prazo para sair da crise conjuntural. O economista enfatiza problemas como legislação trabalhista falha, corrupção e falta de infraestrutura. Isso não permite que o Brasil cresça rapidamente, mas não explica a crise atual. Segundo Amorim, esta atual situação foi sendo construída durante anos e principalmente após 2010 onde foram gerados desequilíbrios macroeconômicos nas contas externas, na inflação e nas contas públicas.
As contas externas se deterioraram porque, desde o governo Lula, o consumo foi incentivado, mas não a produção. Assim, houve um aumento de custos para produzir e cresceu a importação e a inflação. Esses desequilíbrios já estão sendo resolvidos, de uma maneira ou de outra, com a megadesvalorização do real melhorando a balança comercial e a recessão tornando impossível o aumento dos preços e assim reduzindo a inflação, ressalta o economista. Ricardo acredita ainda de maneira muito otimista na brevidade da saída da crise e enfatiza que a virada da economia está muito mais próxima do que a maioria dos profissionais autônomos, no caso cirurgiões plásticos possam vislumbrar.
De maneira muito clara e segura, Amorim enaltece que iremos sentir os sinais no segundo semestre deste ano (2016), e, quando a recuperação vier, esta vai se mostrar mais consistente e potente do que o esperado. Indagado sobre quais seríam as medidas a serem implantadas pelo novo governo, Amorim enfatiza que todas as medidas do governo anterior foram voltadas ao curto prazo e sem perspectivas de pagamento da dívida pública, fato este que não cria segurança no empresariado e investidores internos e externos. Desta forma, há a necessidade de sair da discussão do déficit atual e demonstrar um horizonte mais confiável de pagamentos a longo prazo, e para isso há a necessidade de um projeto real de reformas entre as quais a da Previdência.
O interessante da palestra do Ricardo Amorim foi a perspectiva para nós cirurgiões plásticos de novo ânimos, e que o momento é de fazer o caminho reverso e voltar a crescer, enfatizado de maneira muito clara que pela evolução histórica do nosso país, estamos no fim de um ciclo de queda e de pessimismo. Para entender o atual cenário, Amorim mostrou durante sua exposição a economia brasileira desde 1900 e descobriu que todas as vezes que o país atravessou recessões longas e profundas, na sequência houve um processo de crescimento acelerado. “É claro que vai mudar, isso é histórico desde o início do século passado onde alguns anos depois, a média de crescimento do PIB por três anos costuma subir a níveis de pelo menos 5 - 6% ao ano.
A razão para isto é habitualmente temos um período longo onde o crescimento cai porque não há mais confiança, os planos ficam parados, porque os empresários simplesmente seguram e não investem, ou por não terem segurança no atual momento ou simplesmente querem esperar mais” enfatiza Amorim. Há ainda mais um fator que é que o Brasil ainda é um ambiente atrativo para o resto do mundo pela demanda de consumo interno. Ricardo menciona ainda que empresa globais que querem ter uma presença realmente global, não podem deixar de ter uma presença no Brasil. Desta forma, considera-se o potencial de crescimento ao longo prazo, a queda do preço dos ativos decorrente da crise e que a alta do dólar barateou esses ativos para os estrangeiros. Não tenho certeza de quando a recuperação econômica começará, creio que ela será breve, mas o que tenho certeza é que ela terá muita força”, enfatiza Amorim.
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